sexta-feira, abril 27, 2012

Capítulo 11 – Continuação: 1808 A 1810!


Capítulo 11 – Continuação: 1808 A 1810!


Os matreiros comerciantes ianques, perante a escolha de serem obrigados a participar em bloqueios britânicos — e arriscarem-se ao confisco dos seus bar­cos, carga e tripulações — ou agirem co­mo' agentes secretos da Inglaterra, com garantias de segurança e lucros, escolhe­ram maioritariamente esta última opção.

Em 1809, John Quincy Adams (que mais tarde seria presidente), enquanto servia como cônsul americano em São Petersburgo, assinalou:

"Em duas semanas, tantos como 600 navios clipper arvorando a bandeira americana estiveram em Kronstadt" (o porto de São Petersburgo, chamada Leni­negrado na antiga U.R.S.S.), carregando principalmente cânhamo-de-cannabis para a Inglaterra (ilegalmente) e para a América, onde o cânhamo de qualidade tinha também grande procura.
(Bemis, John Q. Adams and the American Foreign Policy, Nova Iorque, NI, Alfred A. Knopf, 1949.)



Em 1809, os Estados Unidos aprovam a Lei do Não-Relacionamento que retoma o comércio legal com a Europa, exceto a Inglaterra e a França. Esta lei não tarda a ser substituída pela Lei Macon, que reto­ma todo o comércio legal.

1808 1810
Napoleão insiste com o czar Alexandre para este interromper todo o comércio com os comerciantes americanos inde­pendentes, já que estes estão a ser obriga­dos a comercializar ilegalmente câ­nhamo para a Grã Bretanha.

Napoleão quer que o czar o autorize a estacionar agentes e soldados franceses em Kronstadt com vista a assegurar que o czar e as suas autoridades portuárias estão a cumprir o acordo.

1808 1810
Apesar do seu tratado com a França, o czar diz "Nyet!" e faz "vista grossa" aos comerciantes americanos ilegais, prova­velmente porque precisa dos populares e lucrativos artigos comerciais que os ame­ricanos lhe estão a trazer a si e aos seus nobres — bem como do ouro sonante que está a obter com as compras (ilegais) de cânhamo feitas pelos americanos em prol da Grã Bretanha.

1809
Os aliados de Napoleão invadem o Ducado de Varsóvia.

1810
Napoleão intima o czar a interromper todo o comércio com os comerciantes americanos! O czar responde desvincu­lando a Rússia da parte do Tratado de Tilset que a obrigava a deixar de vender bens a navios americanos neutros.

1810 1812
Furioso com o czar por este permitir que o vital sangue de cânhamo para a marinha chegue a Inglaterra, Napoleão reforça o seu exército e invade a Rússia, planeando castigar o czar e em última análise impedir que o cânhamo alcance a Marinha Britânica.

1811 1812
A Inglaterra, de novo aliada e pleno parceiro comercial da Rússia, está ainda a impedir navios americanos de comerciar com o resto do continente europeu.
No Mar Báltico, a Inglaterra procede também a bloqueios de todos os comer­ciantes americanos oriundos da Rússia, insistindo agora que estes deverão com­prar-lhe secretamente outros artigos estratégicos (a maioria em portos medi­terrânicos), fornecidos especificamente por Napoleão e os seus aliados continen­tais, que por esta altura vendem de bom grado tudo quanto podem para reunir capital.

1812
Privados de 8o% do seu abastecimento de cânhamo russo, os Estados Unidos discutem a guerra no Congresso.3

Ironicamente, quem argumenta a favor da guerra são representantes dos estados do oeste, sob o pretexto dos marinheiros americanos "convencidos". Os represen­tantes dos estados marítimos, receando a perda de comércio, argumentam contra a guerra, muito embora alegadamente os seus navios, tripulações e estados é que estejam a ser afetados.

Nem um só senador dos estados marí­timos vota a favor da guerra com a Grã Bretanha, enquanto virtualmente todos os senadores do oeste o fazem, esperando arrancar o Canadá à Grã Bretanha e cumprir o seu sonho do "Destino Mani­festo", na crença errónea de que a Grã Bretanha estava demasiado ocupada com as guerras europeias contra Napoleão para proteger o Canadá.

É interessante notar que o Kentucky, um grande apoiante da guerra que perturbou o comércio ultramarino de câ­nhamo, estava a reforçar ativamente a sua indústria doméstica de cânhamo.

Por esta altura (1812), os navios ameri­canos conseguiam carregar cânhamo na Rússia e regressar com ele três vezes mais depressa do que os despachantes demo­ravam a enviar cânhamo do Kentucky para o Leste por via terrestre — pelo menos até o Canal Erie ser completado em 1825.

Os estados do oeste vencem no Con­gresso, e em 12 de Junho de 1812 os Esta­dos Unidos estão em guerra com a Grã Bretanha.

A América entra na guerra do lado de Napoleão, que marcha sobre Moscou nesse mesmo mês de Junho de 1812.

Napoleão não tarda a ser derrotado na Rússia pelo rigoroso inverno, a política russa de terra queimada e 2000 milhas de linhas de comunicação recobertas de neve e lama. A derrota de Napoleão deve-se também a ele não ter interrom­pido a campanha durante o inverno, reagrupando-se antes de marchar sobre Moscou, tal como previa o plano de batalha original.

Dos 450.000 a 600.000 homens de que Napoleão dispunha no início da campa­nha, só 180.000 conseguiram regressar.

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